O mercado é bom ou ruim para o meio ambiente?

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créditos da imagem: giane portal

O mercado é bom ou ruim para o meio ambiente? Essa é uma pergunta no mínimo mal formulada. Mercados são frequentemente vistos como uma entidade com personalidade, objetivos e métodos, como se eles tivessem vida própria. No entanto, mercados são simplesmente ambientes onde compradores e vendedores trocam bens e serviços, com ou sem o uso de dinheiro.

Sob certas circunstâncias, mercados funcionam muito bem para melhorar nosso bem-estar individual e coletivo, bem como nossos lucros. Se voluntariamente compramos ou vendemos algo, fazemos isso porque é melhor fazê-lo do que não fazer.

Infelizmente, no entanto, mercados às vezes falham em gerar o que é melhor para a sociedade. Este é, em geral, o caso da poluição e da degradação ambiental. Considere, por exemplo, o caso da poluição do ar. Quando uma fábrica produz um bem para vendê-lo no mercado e polui o ar no seu processo de produção, ela gera alguns custos que recaem sobre as vítimas da poluição. Estas vítimas podem nem sequer fazer parte da transação de mercado que motivou a decisão de produção em primeiro lugar. Dizemos, neste caso, que o mercado falhou em promover o que é melhor para a sociedade, porque o poluidor ignorou parte dos custos de produção (o dano que a poluição impõe às vítimas). Quando compradores e vendedores focam apenas nos seus ganhos privados resultantes do comércio, eles ignoram os danos da poluição que são gerados, mas que ainda assim vão parar de alguma forma na folha de balanço de bem-estar da sociedade.

Qual é então a solução para a poluição atrelada a mercados? Como garantimos que computamos cuidadosamente os custos da poluição de forma que mercados promovam o que é melhor para a sociedade? Ao invés de restringirmos ou nos livrarmos de mercados associados à degradação ambiental, a solução pode ser criar um novo mercado para os danos ambientais não contabilizados. Ou seja, ironicamente, mercados às vezes falham porque outros mercados não existem.

Voltando ao nosso exemplo da poluição do ar, considere a seguinte política pública: a firma que quiser poluir terá que comprar o direito de poluir. Isto fará com que o preço do bem produzido por essa firma reflita o custo total da produção, incluindo o dano causado pela poluição e transferido a terceiros. Com preços mais altos associados a bens poluidores, a poluição cairá seja porque o consumo dimuirá ou porque o poluidor desenvolverá tecnologias mais limpas para evitar os custos da poluição.

Esta é a ideia por trás dos famosos mercados de carbono, onde títulos de poluição, também conhecidos como créditos de carbono, são comprados e vendidos. Alguns países europeus usam estes mercados de carbono como forma de limitar emissões de gases do efeito estufa originados em outros mercados. Talvez surpreendentemente, em alguns casos é possível usar mercados para resolver falhas de mercado como aquelas associadas à poluição. Em outros casos, no entanto, os mercados de títulos de poluição também podem falhar e temos que considerar outras políticas ambientais. Mercados não existem para agredir ou proteger o meio ambiente. Eles existem para possibilitar trocas. Assim como no caso de muitos outros problemas sociais, no que diz respeito ao meio ambiente, mercados não são bons nem ruins. Mercados são simplesmente mercados.


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